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Eleições 2022: 17 milhões de eleitores indecisos que podem definir o 2º turno



É mais do que sabido que nenhuma eleição é igual a outra, mas nunca, desde o fim da ditadura e a volta das votações livres para presidente, em 1989, um pleito se anuncia tão cheio de particularidades quanto este segundo turno que se aproxima. A mais acirrada corrida já vista ao Palácio do Planalto põe frente a frente dois ímãs de polos opostos, Lula, do PT, e Jair Bolsonaro, do PL, ambos líderes populistas, capazes de mover paixões e multidões. No primeiro turno, eles dividiram o eleitorado em praticamente duas grandes fatias — no fim da apuração, a diferença foi de 5,2 pontos a favor do petista. Antes dela, a votação mais apertada na etapa inicial havia sido a que contrapôs Dilma Rousseff e Aécio Neves em 2014, quando o placar foi de 8 pontos (na segunda rodada caiu a cerca de 3 pontos, pouco mais de 3 milhões de votos a favor de Dilma).

Na fase final da disputa neste ano, o quadro das preferências em um ou outro candidato tem permanecido quase estático (com leve recuperação de Bolsonaro) até por outra característica única dessa renhida batalha: a imensa maioria dos eleitores declara já haver feito sua escolha definitiva. Sobra para os dois finalistas, portanto, se digladiar pela simpatia de um punhado de brasileiros congregados na definição de “eleitores voláteis”, que hesitam em cravar uma opção. É nesse celeiro, relativamente reduzido, que Bolsonaro tem que cooptar os votos de que necessita para ganhar e que Lula precisa fazer o possível para isso não acontecer. O jogo é tenso: no primeiro turno, 10% dos eleitores decidiram entre a véspera e o dia da eleição.

O universo dos “voláteis” inclui os indecisos, ou seja, aqueles que não têm uma preferência, e os não convictos, que votaram em um candidato no primeiro turno, mas podem mudar no segundo. O mais recente levantamento da Quaest contabiliza 11% dos entrevistados nessa situação, sendo 5% indecisos e 6% não convictos. Juntos, eles totalizam 17,2 milhões de eleitores estratégicos para as duas campanhas — a se manter a diferença do primeiro turno, Bolsonaro precisa conquistar 6,2 milhões deles, ou um a cada três, enquanto Lula se esforça para mais gente apertar 13 no dia 30.

Um perfil desses fiéis da balança, feito pela Quaest, revela semelhanças entre os que não bateram o martelo. Trata-se de um público primordialmente feminino e pouco engajado politicamente. Concentra-se sobretudo na Região Sudeste, onde estão os três maiores colégios eleitorais do país (São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro), e tem renda familiar entre dois e cinco salários mínimos. Não costuma pautar suas decisões no discurso ideológico, que dá a tônica de boa parte das duas campanhas, e sim em questões práticas da vida cotidiana. A divergência que mais se ressalta entre eles é a presença maciça de evangélicos entre os não convictos — o que explica a batalha religiosa dos últimos dias e sugere uma vantagem para Bolsonaro. “Nenhuma campanha que pretenda sair vitoriosa pode desprezar esse eleitorado. Aliás, tem, isto sim, de mirar nele”, explica Felipe Nunes, cientista político e CEO da Quaest.

No rol das preocupações do clube dos voláteis, o bolso ganha disparado, mais do que na média da população em geral, onde a vulnerabilidade econômica também bate forte. Postos diante da pergunta sobre o que mais os preocupa, a economia aparece em primeiro lugar, seguida de fome, miséria e desemprego (veja o quadro). Esses brasileiros acham que a vida piorou no último ano e não demonstram, como em outras fatias de eleitores, grande otimismo com os indicadores mais positivos nos meses recentes. “Fico muito receosa. Tudo aumenta e o salário não acompanha. Na minha idade também é complicado darem uma oportunidade de trabalho”, diz Maria Luiza Vitale, 55 anos, que votou em Simone Tebet (MDB) no primeiro turno e agora não sabe para onde vai virar — a típica integrante da coluna dos indecisos nas pesquisas, que é formada em sua maioria por mulheres acima dos 45 anos (leia depoimentos ao longo desta reportagem). “Pode não dar tempo de a melhora dos dados econômicos ser percebida por esse público, que, por outro lado, pelo menos em parte, carrega na memória um período, nos anos de Lula, em que a vida de fato ficou mais fácil”, diz Oswaldo Amaral, diretor do Centro de Estudos de Opinião Pública da Unicamp.

Da Veja

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